quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sugestões de Leitura - Parte III

Caros leitores do Sacrário das Plangências, como faço de quando em quando, postarei algumas sugestões de livros, sejam eles de poesia, de romance, teatro ou de história. Muitas vezes, atento-me às edições novas que saem - e por tal coloco o livro na seleção.

SUGESTÕES DE LEITURA:

ELIZABETH BARRET BROWNING - Sonetos da Portuguesa. Tradução: Leonardo Fróes. Editora Rocco, Rio de Janeiro. 1ªEdição, 2011. 128 páginas.

Eis um livro de poesia que, ao mesmo tempo que soa desconhecido aos ouvidos de muitos, causa um impacto extremamente positivo ao ser lido. Traduzido com extrema qualidade (apesar de certo abuso na liberdade da pontuação, se comparado ao original), o livro nos traz talvez uma das maiores poetisas em língua inglesa. Elizabeth Barret (1806-1861) descreve, por meio de uma linguagem de volúpia sutil, frustrada e, ao mesmo tempo, esperançosa, o seu romance com o poeta Robert Browning (1812-1890), além de temáticas vindas de seu coração espirituoso.



MÁRCIA CAMARGOS - Musa Impassível. Editora: IMESP, São Paulo. 1ªEdição, 2007, 132 páginas.

Quando escrevia o post anterior, já tinha conhecimento do livro da historiadora Márcia Camargos. Quando questionava a postura das editoras perante a figura de Francisca Júlia em nossas letras, não errei, porém, ao indagar o esquecimento da "poesia de F. Júlia", pois o livro de Carmargos, acima de tudo, é uma análise de história social, que usa como alicerce uma poetisa que, em plena transição para o Século XX, equiparou-se aos grandes da tríade parnasiana. Tentando adaptar os possíveis inadaptados ao viés poético (com páginas como, por exemplo, as do "Guia Básico do Parnasianismo", em que ensina-se a "ser um parnasiano" (seguindo as regras básicas do estilo, como os Alexandrinos Arcaicos - quatorze sílabas - com acento na sexta sílaba, a célebre chave-de-ouro, e a "arte-pela-arte"). No entanto, a maneira pela qual ela coloca Francisca Júlia no panorama das nossas letras e de nossa sociedade é justíssima, tendo imagens raras de originais da poetisa, de poetas da época (de anotações destes sobre os poemas de F. Júlia). Há também um interessante relato sobre a restauração da escultura "Musa Impassível", afim da sua mudança a Pinacoteca do Estado. Há de se questionar neste livro, somente, a relativa diminuição da obra Simbolista de F. Júlia, quando esta parte da obra, mesmo que não tenha composto a maior porção, é de uma qualidade inefável - e, biograficamente falando, é a referência maior do estado de alma em que se encontrava a poetisa após os seus Mármores.

PAOLA PRANDINI - Cruz e Sousa. Retratos do Brasil Negro: Selo Negro, São Paulo. 2011. 136 páginas.

É um grande alívio e uma grande ventura saber que há uma publicação sobre Cruz e Sousa envolvendo o movimento negro. Prandini, que lançou também outros livros na coleção "Retratos do Brasil" para personalidades negras, ao contrário de muitos outros livros sobre o Cisne Negro, mostra-nos, com inteligência de contexto histórico-literário, poemas raramente conhecidos do nosso maior Simbolista (muito desse desconhecimento vem do ocultamento das obras feito por Nestor Vítor, a quem Cruz e Sousa confiou os seus originais antes de partir para a morte), sem contar os seus célebres. Além do mais, há as raras cartas publicadas de Cruz e Sousa no final do livro (talvez as poucas que restaram do poeta). É um livro precioso para quem quer conhecer o João da Cruz e Sousa, negro sem mistura, vivendo sua maturidade intelectual numa época em que a mentalidade de escravatura era plena, mesmo com escravidão abolida em lei. É uma biografia de sua obra - e de sua vida.

CHARLES BAUDELAIRE - As Flores do Mal. Tradução: Ivan Junqueira. Ediouro/Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2007. 656 páginas.

Recomendar As Flores do Mal pode soar, de certa forma, uma redundância ao que eu sempre digo nas postagens sobre o Simbolismo. Mas a edição a que me refiro, traduzida por Ivan Junqueira, contém, além de uma cronologia detalhada da vida de Baudelaire, um estudo (por mais complicado que este fique para quem não sabe a língua francesa, pois há muitos trechos de cartas, de poemas em prosas, todos envolvidos num contexto biográfico, para os quais o domínio da língua de Baudelaire é necessário) e comentários acerca de todos os poemas das Flores. Sendo uma edição bilíngue, é muito interessante para aqueles que querem comparar o original com a tradução. Obra de leitura obrigatória para aqueles que apreciam a poesia sugestiva, por vezes terrivelmente inexorável e terrena, por vezes etereal.


Caros leitores do Sacrário das Plangências, eis as minhas recomendações de leitura de agora. Boa leitura!

Abraços, Cardoso Tardelli


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