sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sugestões de Leitura - Parte V - Clássicos

Caros leitores do Sacrário das Plangências, como em todo mês, faço uma seção de sugestões de leitura condizentes com os temas do blog. Nesta quinta parte, focarei as reedições de livros clássicos que se têm lançado, considerando um livro clássico aquele que já tem fincado o seu nome na literatura nacional ou mundial (bem sabemos que, no caso de livros em Português, a relação de "clássico mundial" torna-se muito mais difícil).

SUGESTÕES:

DANTE ALIGHIERI. Divina Comédia. Tradução de João Trentino Ziller. Ilustrações de Sandro Botticelli. Ateliê Editorial: São Paulo, 2011. 560 páginas.

Uma das obras de maior influência na cultura ocidental pós-medieval, reverberando em praticamente todos os estilos artísticos posteriores à sua escrita, a "Divina Comédia" aporta agora numa edição digna de sua magnificência. As ilustrações, finalmente postas num livro (foram somente encontradas na década de 1980, após séculos sem informações sobre a localização), fazem do livro - que por si só é um completo conjunto - uma amostra da Estética Poética em sua quintessência, da erudição em sua forma mais ampla e do espírito humano em um dos mais altos pontos que já atingiu.


WILLIAM BLAKE - Canções da Inocência e Canções da Experiência. Tradução de Gilberto Sorbini. Disal Editora: São Paulo, 2005. 157 páginas.
   
William Blake, um dos maiores poetas do Romantismo inglês, é visto aqui com as suas canções que relatam dois estados da alma que são expostos nas feridas da vida. Grande marco do movimento, ao lado de seu "Casamento do Céu e do Inferno", esse livro é de um Romantismo clássico, embebido dos parnasos antigos (ora, William Blake era um pintor e chegou a ilustrar a "Divina Comédia"), e assim como o resto do movimento Romântico inglês, fora considerado um precursor do início do distanciamento entre o poeta e o povo, apesar das constantes manifestações políticas presentes nos versos, representando a contemporânea  e tão quimera de dizer que o hermetismo, que é até pouco usado por Blake, é a ausência da perscrutação de uma sociedade e dos seres que nela perambulam.  
         
CASTRO ALVES - Espumas Flutuantes/ Os Escravos. Editora Martins Fontes: São Paulo, 2ª Edição, 2001. 396 páginas.
Se a poesia de Castro Alves não for considerada um clássico da literatura mundial, a cultura como um todo estará cometendo um grandíssimo erro. Dividida em duas claras feições, a poética do poeta baiano é de uma representatividade lírica magnificente tanto na fase de inspiração alicerçada na segunda fase do Romantismo, mas já dando claras evidências do apelo social, com grandes influências de Victor Hugo - fase de Espumas Flutuantes -, quanto na fase mais célebre, a de Os Escravos, e na qual discorre sobre os vários feitios da escravidão, rendendo-lhe o apelido de "Poeta dos Cativos". Clássico, sobretudo, porque a sua mensagem é mundial - e, acima de tudo, porque a escravidão ainda é uma nódoa na sociedade, a perambular atenta por fracas ideologias.

MACHADO DE ASSIS - Toda a Poesia de Machado de Assis. Editora Record: Rio de Janeiro, 2008. 756 páginas.
É sabido que Machado de Assis teve como porta para a sua eternidade nas Letras mundiais a sua prosa, que, no Brasil, continua insuperável. Várias edições de sua poesia vieram a lume durante o Século XX, mas sempre com o inevitável ponto de referência "O romancista, em Machado de Assis, cresceu tanto que anulou o poeta, que nunca fora gigantesco". A poesia de Machado, com evidentes tonalidades Românticas, tem qualidade irregular, mas altos méritos também. Composta em sua juventude, quando perambulava com Casimiro de Abreu (seu amigo de juventude e a quem dedicou sempre respeito e admiração) e outros grandes poetas do Romantismo, e quando era um grande participador da vida boêmia carioca, a sua poesia tem valor histórico e literário, pois são a transição do autor que "nunca fora gigantesco", mas que era considerado promissor, para o Machado de Assis reconhecido mundialmente.


Caros leitores do Sacrário das Plangências, haverão mais sugestões envolvendo somente edições de clássicos, que normalmente são divulgadas em jornais ou nas próprias revistas das livrarias. É inegável que, ao fazer uma seleção envolvendo quatro livros, os livros serão selecionados vagarosamente. Além de tudo, recuso-me a não selecionar livros brasileiros ou em língua portuguesa tão somente pelo fato de ter sido a nossa cultura moldada na antiga cultura europeia - isso não anula o feitio clássico de muitas obras escritas em Português.

Boa leitura!

Abraços,
Cardoso Tardelli

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