terça-feira, 5 de março de 2013

Sugestões de Leitura - Parte X

Caros leitores do Sacrário das Plangências, dando continuidade às postagens tradicionais deste blog, realizo a parte décima das sugestões de leitura, abrindo espaço para um poeta brasileiro contemporâneo, para um clássico da literatura mundial e para um livro de história que cinge os temas trabalhados neste espaço.

ALEXEI BUENO - Poesia Reunida . Editora Nova Fronteira, 1ª Edição: Rio de Janeiro, 2003. 448 páginas.


Alexei Bueno, poeta de valorizada carreira e numerosos prêmios, se destaca entre o meio poético contemporâneo por ter, em sua poesia, características clássicas, musicais e, principalmente, uma influência notável dos Simbolistas e de poetas como Cesário Verde e Augusto dos Anjos. Dir-se-ia um polemista, quando a referência é o poeta perante uma sociedade cheia de hipocrisias e conservadorismos vãos; quando a referência é o poeta perante a arte, antes de mais nada temos um cultor da arte, um tradutor de Edgar Allan Poe a Gérard Nerval. A obra, que acompanha cronologicamente a evolução da poética de Alexei, tem uma qualidade raramente vista nos livros do gênero, hoje em dia. Variando também entre um estilo estético mais sóbrio e formais mais livres, Alexei soa superior aos que chegam aos nossos ouvidos em quase todos os momentos da obra.



EDGAR ALLAN POE - Poemas e Ensaios: Tradução: Oscar Mendes e Milton Amado. Série Clássicos Globo; Editora Globo: Rio de Janeiro, 2009. 350 páginas.


Pouco há de se acrescentar a uma sugestão de um livro de Edgar Allan Poe a não ser fatos importantes como, por exemplo, que a tradução é de boa qualidade, mantendo os textos fidelíssimos, e que o posfácio, de Charles Baudelaire, configura-se em um dos textos mais importantes para a contemporânea literatura ocidental, já que, após o poeta de "As Flores do Mal", condicionado juntamente com as revoluções feitas pelo Impressionismo,  todo o rumo da Arte foi mudado para uma representação do mundo como ele não é, ou como um fugidio momento do que ele foi, dando às palavras um poder de relembramento, evocação  e correspondência ao que mesmo a mente pode supor imperceptível. Não à toa, a tese das correspondências de Poe e de Baudelaire são congruentes, dando ao poeta a função da percepção entre as correspondências que existem entre a terra e o céu, o abismo e o mundo. Um livro essencial para quem quer uma obra de alta qualidade editorial com textos esmerados, por um preço surpreendentemente baixo.

JEAN-YVES MOLLIER - A Leitura e seu Público no Mundo Contemporâneo: Ensaios sobre a História Cultural. Autêntica Editorial: 1ª Edição, São Paulo, 2008. 208 páginas. 


O fenômeno da leitura, sempre em constante transfiguração (veja pelos tempos mais recentes), passou, no período pós Revoluções Industrial e Francesa por uma grande modificação em sua história. Com a ascensão da burguesia - mais rica, porém menos interessada em cultura, ou, ao menos, na profundíssima cultura -, a cultura de massa, os romances-folhetins, os dicionários, tudo isso foi circundando o povo letrado, ansioso por cultura, por heróis que lhe dessem uma fantasia que cingisse a tamanha transição pela qual passava a Europa. O livro de Jean-Yves Mollier trata exatamente sobre essas várias transfigurações da leitura e de seu público, dando, certamente, uma ênfase ao grande baque que foi a vulgarização da leitura por meio dos jornais, fazendo com que escritores declarassem que o "livro era, àquele momento, um moribundo" (frase de Machado de Assis), afinal, não se necessitava mais do que de um jornal para se chegar ao leitor - foco de qualquer escritor. Certamente, um livro que agradará aos curiosos pelo assunto - e que, inclusive, nutrirá simpatia dos que têm certeza que livros digitais, entre outras formas - tal qual fora o jornal no Século XIX -, não será o fim do livro impresso.

Boa leitura!

Abraços,
Cardoso Tardelli 


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