sexta-feira, 26 de abril de 2013

Delírio! - Cardoso Tardelli

Caros leitores do Sacrário das Plangências, posto-lhes um poema presente na Poética das Quimeras (Selo FuturarteEd. Multifoco, 2012). 

A obra está disponível na Livraria Cultura (clique aqui para o link) e no site da editora (clique aqui para o link). Há agora também o e-book da Poética das Quimeras (clique aqui para comprá-lo na Amazon.)


DELÍRIO! - Cardoso Tardelli

"Alma! Que tu não chores e não gemas,
Teu amor voltou agora."
Cruz e Sousa

Santo o coração que sobreviveu inda
Sem a luz do amor que o domina...
Que, n'agonia da tormenta infinda,
Lembrava da fulgência divina!...

Nobre a alma que, abandonada,
Viveu tateando do passado as chagas
Na imortal ânsia da chegada
Do Amor que ornou as escuras plagas...

Pois os calvários regem o mundo
Como um cântico que nos guia à morte...
Ah! Orvalhado de sonho fecundo
O olhar que vê na terra alguma sorte...

Porque sempre voltam ao nosso afago
Os amores que julgávamos mortos...
Mas tão estranhos, suspirando pressago,
Trazendo nas frontes prantos absortos...

Voltam pedindo o remir do sofrer quedo,
Dos cilícios no peito, resignados...
Voltam porque atingem a febre do medo,
Quando ao Céu eram para serem alçados...

Tornam ao olhar do que os cantou no afã
Da saudade e da lembrança sem termos...
Quão belo seria ver a luz louçã
Que sonhei, pois eles vêm tristes, enfermos...

Ah! Que dê um coração intemerato
Abrigo aos que plangem horror atroz...
Pois, ao ouvirem o canto que desato,
Dizem: “Adeus! Tu sofres mais que todos nós!”

Abraços,
Cardoso Tardelli

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