quinta-feira, 9 de maio de 2013

Cantiga Contemporânea - Cardoso Tardelli

Caros leitores do Sacrário das Plangências, posto-lhes um poema presente na Poética das Quimeras (Selo FuturarteEd. Multifoco, 2012). 

A obra está disponível na Livraria Cultura (clique aqui para o link) e no site da editora (clique aqui para o link). Há agora também o e-book da Poética das Quimeras (clique aqui para comprá-lo na Amazon.)


CANTIGA CONTEMPORÂNEA - Cardoso Tardelli

Quando os ventos anunciam
Que nos céus há novo fulgor,
O Mundo tremula de medo
Pois, se antes fantasmas riam,
Surge nos Astros rútilo segredo:
- O Amor.

E o peito torvo mundano,
Quando é transpassado por risonho
Dardo de fúlgida esperança,
Brada que o porvir é profano,
Mas só diz à Luz, qual criança:
- É o Sonho.

E no fitar perplexo, triste,
Que dão os espectros no abrir
Das águas nas langues faces,
Debatem-se, sangrando, em riste,
 Ouvindo as caudais vivaces:
- Eis o Sentir!

E que vulto atro, obscuro,
 Vacilante e feroz liberdade
Nas almas, antes brancas e vagas,
Causa no terrível e impuro
Cárcere das passadas chagas?
- A Saudade!

E quando eles, já convulsivos,
Sentiam o carmim surgir do Dia
E, no delírio, tão doce harpar
Ouviam, tornando-os vivos,
Qual melodia estava a tocar?
- Poesia!

Tais fantasmas, já prostrados,
Ouviam uma Voz tão sentida,
Duma elegia bela e d'esplendor...
Ah! Que maldição aos enclausurados
Tal Voz falava? Qual o rumor?
- A Vida!...

Abraços,
Cardoso Tardelli

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