sexta-feira, 19 de julho de 2013

Ode ao Amor - Cardoso Tardelli

Caros leitores do Sacrário das Plangências, posto-lhes um poema presente na Poética das Quimeras (Selo FuturarteEd. Multifoco, 2012). 

A obra está disponível na Livraria Cultura (clique aqui para o link) e no site da editora (clique aqui para o link). Há agora também o e-book da Poética das Quimeras (clique aqui para comprá-lo na Amazon.)

ODE AO AMOR - Cardoso Tardelli


Tudo que é vivo neste mundo
E dele já teve algum sorriso,
Foi por crer em Teu lume fundo,
Em Teu inefável e mágico viso
Que, perante o pacto moribundo
Do coração nas dores da vida,
Cintila como chama encandecida
Pela mente alheia ao juízo.

Ah! Eterna luz de nossa alma,
Eterna Lua entre as negras brumas.
Salmo dos Anjos que acalma
A tormenta envolta em escumas.
Cântico feroz, falaz, que ensalma
O desaparecer dos mais belos Astros
Sem que nos ergam fúlgidos mastros
Para que vejamos Deles as prumas.

Amor que na Terra não floresce,
Que aos tristes homens não é dado;
Amor da Terra da Ástrea prece,
Que ao homem deixou orfanado,
Que fazes quando nosso pranto desce?
Que fazes quando vem o sangue,
Lento, pelo martírio que o langue
Espectro Teu nos dá, mascarado?

Tudo que é morto nessa Terra,
E já desceu à torva sepultura,
Tomou de tua água que erra
Pela fonte da Visão impura.
Nascente caudal, que não encerra
A Sede sublime pelo Amor
Que aqui não tem riso nem fulgor,
E dorme junto do Céu à negrura.

Ah! Fantasma medonho, a sorrir,
Refletindo o lume das Estrelas!
Luzes que passam forte, a rir,
De nossa Ilusão lassa ao vê-las.
Amor quimérico a nos trair,
Mostrando-nos do Celeste a luz
E o seu esvaimento na cruz
D'agonia ao tentar vencê-las.

Amor que na Terra não floresce,
Que aos tristes homens não é dado;
Amor da Terra da Ástrea prece,
Que ao homem deixou orfanado,
Que fazes quando nosso pranto desce?
Que fazes quando vem o sangue,
Lento, pelo martírio que o langue
Espectro Teu nos dá, mascarado?

21/10/2010 – São Paulo

Abraços,
Cardoso Tardelli

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